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O Cristão e a alimentação
O Cristão e a alimentação

imagem: Karla Ananias Nutricionista, artigo; "O que se esconde nos alimentos"

imagem: Karla Ananias Nutricionista, artigo; "O que se esconde nos alimentos"

 

A questão da alimentação é de grande importância para o Cristão. Há aqueles que entendem essa questão mas existem muitas pessoas que não concordam, entendem que com o sacrifício de Cristo todas as leis deixaram de existir, ou seja, entra em questão novamente a Lei e a graça.  Mas vimos no tópico "As leis da bíblia" que Jesus não anulou os princípios alimentares, pelo contrário Ele próprio mostrou serem ainda válidos, como veremos mais adiante.
Mas como entender essa questão da alimentação? como explicar textos que nos dão a ideia que podemos comer qualquer coisa?
.Iremos explorar a bíblia e pedimos mais uma vez ao irmão(ã) que esteja com sua bíblia em mão para acompanhar nosso estudo, sempre verificando se estão em harmonia com as escrituras.
.Deus os abençoe e bom estudo!
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Como estudamos no tópico a respeito das leis, aprendemos que Cristo anulou as leis de ordenanças (Ef.2:15, Col 2:14) que tinham o caráter cerimonial, pois eram apenas sombra de Cristo. Aprendemos também que algumas das leis do povo de Israel, como as leis alimentares, continuam válidas hoje. A biblia diz que nosso corpo é templo do Espirito Santo e nada mais sábio que cuidar dele (1º Corintios 6:19, 10:31)
Muitas pessoas que não são Cristãs já reconhecem que uma alimentação rica em frutas, legumes e cereais e com moderação de carne é melhor para o corpo. E pensar que a milhares de anos Deus já havia traçado o cardápio para seus filhos (Leviticos 11)
A bíblia nos mostra algumas passagens que muitos podem entender como uma autorização para se comer de tudo. Iremos analisá-las dentro de seus contextos e veremos o que a bíblia nos orienta a esse respeito:

"Comei de tudo que vende no mercado" 1º Corintios 10:25
Estaria o apóstolo Paulo autorizando os Cristãos a comer qualquer tipo de alimento?
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Muitas pessoas utilizam esse trecho de I Cor. 10:25 como se fosse uma pseudo-autorização para se consumir animais imundos, proibidos por Deus; porém, ater-se apenas a esta parte do verso, sem concluí-lo, desfigura-se a mensagem do apóstolo. O verso 25 de I Cor. 10 diz na sua segunda parte: “...Sem perguntar nada, por causa da consciência.”Observe a enfática paulina: “Por causa da consciência”. Devemos lembrar de ler todo o contexto em questão e nunca um verso isolado. Ao analisar todo o capitulo 10 especialmente os versos 18 a 20 e comparar com o capítulo 8 de 1º corintios, notamos que o contexto trata da comida sacrificada a idolos.

Muitos cristãos fracos (chamados débeis) se escandalizavam ao verem carnes que seriam sacrificadas a idolos, a venda nos mercados, por isso preferiam comer legumes (Romanos 14:2)
A verdade é que Paulo, ao afirmar – “comei de tudo quanto se vende no açougue” – tinha absoluta certeza que a carne ali vendida era limpa, embora oferecida aos ídolos, fato que para o apóstolo não tinha relevância, pois seu conceito era de, o ídolo, nada ser (I Coríntios 10:19)
Assim, todos os cristãos poderiam comprar qualquer carne no açougue, porque ali só era vendida carne limpa, desde que, esta atitude, não ofendesse a consciência de um irmão de débil fé, que é nosso dever respeitar e conservar

A prova insofismável que os idólatras sacrificavam animais limpos está no incidente ocorrido com Paulo e Barnabé na cidade de Listra, quando após ter Paulo curado um paralítico, o povo achou serem as divindades por eles adoradas, Júpiter e Mercúrio, e queriam sacrificar-lhes touros (Atos 14:12 e 13). E touro é limpo. Lev. 11:3.

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"Não é o que entra pela boca do homem o que contamina, mas o que sai da boca, isto sim, contamina o homem" Mateus 15:11
.Esse é um outro texto que já observamos como sendo usado para justificar a liberação de todo tipo de alimento. Mas devemos frisar novamente: Devemos ler TODO o contexto e ao lermos esse capítulo notamos algo interessante. Alguns fariseus criticavam os discipulo porque não lavavam as mãos para comer, pois havia uma tradição dos anciões que os obrigava a lavar várias vezes as mãos (verso2)
.Jesus os repreende e se irrita ao ver pessoas transgredindo o Seu mandamento por conta de tradições humanas (versos 3 e 8)
.Jesus disse que o que sai pela boca é o que contamina: "Mas o que sai da boca, vem do coração e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias..." Perceba que o ponto central não diz respeito a alimentação mas sobre a arrogância e hipocrisia dos fariseus
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"Então vi o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado por terra pelas quatro pontas contendo toda espécie de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. e ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te Pedro, mata e come" Atos 10:11-13
.Apesar de muitos cristãos entenderem que o contexto desse verso não trata de alimentação, iremos explicar pois há ainda muitos sinceros filhos de Deus que não entendem essa visão. Em um programa de TV evangélico na Rede TV, que também é vinculado na emissora Band, o pregador usou esse texto para justificar que estamos livre para comer qualquer carne. Analisemos então:
.O primeiro ponto é que a cena registrada em Atos é uma visão e não devemos basear uma doutrina em visões proféticas. Outro detalhe que já mencionamos é ler todo o CONTEXTO: faremos isso então:

Pedro vivia os princípios alimentares pois se assustou ao ver Deus mandando comer alimentos imundos (verso14) Tanto que Pedro não havia entendido a visão (verso 15). Mas o Espírito Santo o orienta e diz que iria enviar alguns homens para visitá-lo (verso 19)

Pedro finalmente entende que o significado da visão. Era o de não fazer acepção de pessoas, pois o povo judeu não se misturava com os gentios, consideravam-nos imundos (verso 28). Pedro entende que da mesma maneira que os animais considerados imundos também foram criados por Deus, assim os povos gentios considerados "imundos" pelos judeus, também tinham sido criados por Deus.
.Isso é confirmado logo depois ainda no capitulo 10 nos versos 44 a 48 quando o Espírito Santo desce sobre os gentios, afinal eles são co herdeiros do reino (Efesios 3:6)
Os principios alimentares são válidos, não devemos pegar textos fora do seu contexto para forçar uma situação antibíblica. O proprio Cristo deixou claro a diferenças entre animais limpos e imundos, veja:
Andava o Senhor pelas pradarias de Gadara (Mar. 5: 1-20), quando com Ele deparou-se uma legião de demônios. Estes rogaram a Jesus que os enviassem para uma manada de porcos que por ali andava (vv. 12-13). O Mestre ordenou lançarem-se ao mar, e assim, dois mil porcos foram destruídos. Imagine, se cada porco pesasse por exemplo, 40 kgs; multiplicados pelos 2.000, teremos 80 toneladas de “carne” que daria, sem dúvidas, para matar a fome de milhares de pobres da região.Mas porque Cristo "desperdiçou" tanta carne? porque porco não é e nunca será alimento, veja o que o profeta Isaias fala a respeito do porco e animais imundos:

"...que mora entre as sepulturas e passa as noites em lugares misteriosos; come carne de porco e tem em seu prato ensopado de carne abominável" Isaias 65:4

"Os que se santificam e se purificam para entrarem no jardim após a deusa que está no meio, que comem carne de porco, coisas abomináveis e rato serão consumidos, diz o Senhor" Isaias 66:17

De outra feita, o Senhor encontrava-se perto de Betsaida (João 6: 1-5), quando os discípulos se deram conta que a multidão que durante todo o dia estivera com o Mestre, nada comera. Jesus então multiplicou 5 pães e dois peixes (João 6: 11), saciou a fome de 5.000 pessoas, e depois ordenou: João 6:12 – “...recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.” Como é isso? Quem se atreveria a contestar o Salvador? Em uma ocasião ordena estragar 80 toneladas de carne, e noutra, manda recolher restos de pães e peixes, para não se estragarem? Sim, não é uma incoerência? Não, mil vezes não! Amados, o que temos de admitir é que porco nunca foi alimento. Deus criou o porco para uma função específica: Limpar a terra de sujeiras e imundícies, como fazem o urubu sobre a terra e o camarão, o siri, o caranguejo, mexilhões, a lagosta e os peixes de couro sob as águas. Nada mais! Tanto é verdade que muitos animais que não devem ser consumidos estão entre os que causam mais alergia como o camarão e outros frutos do mar

O cristão verdadeiro é aquele que aceita a graça completa de Cristo e não uma graça barata em que você continua sendo a mesma criatura, vestindo as mesmas roupas, comendo os mesmos alimentos, ouvindo as mesmas músicas...A verdadeira graça de Cristo é aquela que muda sua vida, que faz com que você morra para o pecado, morra para a vida anterior e isso inclui a questão alimentar. Lembremos das palavras de Paulo de que o nosso corpo é templo do Espírito Santo e devemos cuidar dele
Irmãos, na Nova Terra não haverá mais morte (Apoc. 21:4); conseqüentemente, os animais não serão mortos também. Vivos, não os comeremos; qual será, então, a nossa alimentação? veja em sua bíblia!

 "Um crê que tudo pode comer e o débil come legumes" Romanos 14:2
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Romanos 14 precisa ser compreendido especialmente com o auxílio de 1Co 8:4 (Leia tais versos em sua Bíblia). Como as duas cartas foram escritas na mesma década (1 Coríntios por volta de 54 d.C e, Romanos, 55 ou 56 d.C) e tratam do mesmo assunto, veremos que a mensagem do apóstolo lida com problemas específicos daquela época.
Quando Paulo afirma em Romanos 14:2 que “o débil come legumes”, essa expressão precisa ser compreendida à luz de 1Co 8:4, que diz:

“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus.”

Assim como os Corintos, os da igreja de Roma estavam com medo de comer carnes que tivessem sido sacrificadas em templos pagãos. Havia pessoas que estavam com tanto temor que elas só comiam “legumes”. Desse modo, no verso 2 de Romanos 14 Paulo está dizendo: “o débil tem tanto medo de comer carnes que possam ter sido sacrificadas a ídolos que chega a comer só legumes”.
O apóstolo não poderia estar aqui condenando a dieta vegetariana que é a ideal segundo a Bíblia (Gn 1:29) e muito menos dando permissão para comermos alimentos imundos (Lv 11; Dt 14), sendo que o próprio Paulo nunca comeu tais carnes (At 25:8).
Ele mesmo ensinou que nosso corpo é o santuário do Espírito Santo (1Co 3:16, 17; 6:19, 20) e  que, por isso, devemos cuidar de nossa saúde física, comendo de maneira que o Espírito seja glorificado (1Co 10:31). Glorificamos a Deus em nossa comida quando não comemos alimentos imundos (e outros alimentos impróprios) e não somos glutões.
Se não fugirmos do conceito bíblico de “holismo” – ou seja, que a natureza humana é holística, um todo inseparável (1Ts 5:23, 24), não teremos dificuldades em aceitar que a Bíblia proíbe o uso de alimentos imundos.
Isso por que, sendo que existe uma íntima relação entre a mente e o corpo (isso é comprovado pela ciência), é óbvio que aquilo que comemos irá influenciar também em nosso estado mental-espiritual! Precisamos estar com o corpo saudável para prestarmos uma melhor adoração a Deus (e vice-versa).

Romanos 14:5 e a guarda do sábado

Já em Romanos 14:5 Paulo não está sendo contra a observância do sábado (se o tivesse, estaria condenando até mesmo a guarda do domingo). Alguns cristãos pensam que ele insinuou que cada pessoa deve “escolher o dia de guarda”, mas, isso está longe de ser verdade. Se cada um “faz a própria sua verdade”, a lei de Deus viraria uma bagunça e poderíamos justificar até mesmo o dia sagrado dos muçulmanos: a sexta-feira.
Até mesmo o observador do domingo Russel N. Champlin reconhece que não é possível provar que a guarda do sábado esteja sendo questionada aqui: “Não dispomos de meios para julgar, com base neste texto, nem com toda a certeza, se Paulo queria incluir ou não o sábado na lista dos vários dias especiais que os irmãos ‘débeis na fé’ insistiam em observar”. (O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, vol. 3, p. 839)
Entendemos Romanos 14:5 lendo o verso 6:

“Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.”

Perceba que a distinção entre “dias” está relacionada ao “comer”! Desse modo, a questão aqui é os “dias de jejuns” e não a santificação do sábado. Havia uma discordância entre eles quanto ao dia correto de se jejuar.
O Didaquê – escrito judaico do primeiro século (alguns creem que foi escrito antes) nos mostra que havia mesmo essa controvérsia no meio cristão. Veja:
“Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação [sexta-feira]” – Didaquê 8:1.
Por isso, Paulo estaria dizendo em Romanos 14:5 o seguinte: “Um faz diferença entre dia e dia para jejuar; outro julga iguais [“iguais” não se encontra no original grego] todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente e jejue nos dias que achar melhor.”
Perceba que o verso 6 interpreta o verso 5 de Romanos 14, de modo que não precisamos colocar no texto ideias alheias a ele. Além disso, o Didaquê (mesmo não sendo regra de fé) nos ajuda a entendermos alguns problemas que os cristãos enfrentaram durante sua história. Nesse caso, quanto aos dias corretos para se jejuar.
Outra evidência de que em Romanos 14:5 Paulo não estava tratando dos dias de guarda vemos em sua atitude de guardar o sábado mesmo longe dos judeus (At 16:13). Naquele território romano ele tinha a oportunidade de dizer que o dia de guarda foi abolido, mas, não o fez. Pelo contrário: santificou o sétimo dia em meio à natureza – como todo o cristão deveria fazer:
“No sábado [não no domingo], saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração [adoração a Deus em meio à natureza]; e, assentando-nos, falamos às mulheres [dia para falarmos do amor de Deus] que para ali tinham concorrido.” (At 16:13)
Que lindo exemplo de adoração o apóstolo nos deixou! Que dica ele nos deixou para guardarmos o sábado de maneira agradável e não legalista!
Espero que essas considerações lhe ajudem na compreensão de Romanos 14. Imprima-as para que os irmãos e o pastor de sua igreja leiam. Creio que será benéfico a eles também.

fonte:  www.namiradaverdade.com.br

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